CALI, Davide & BLOCH, Serge. O inimigo. São Paulo: Cosac Naify, 2008.
Esta obra singular de Davide Cali e Serge Bloch traz um texto leve e belo. Palavra e imagem se convergem, e seguem além do diálogo entre frases e ilustrações.
Os personagens são dois soldados que estão em uma trincheira no front de batalha. O livro retrata com minúcia as condições físicas e psicológicas destes soldados: a comida é escassa, a comunicação com o mundo é rara e esse isolamento torna-os inseguros e depressivos.
Ao descrever o inimigo, o soldado-narrador afirma que a única coisa que os dois têm em comum é a fome. “As diferenças entre nós são enormes. Ele é um animal selvagem, não conhece a piedade. Ele mata mulheres e crianças.” Esse trecho vem acompanhado de um desenho disforme, na cor vermelha, representando a idéia confusa que o soldado faz do inimigo: “O inimigo não é um ser humano.”
Os responsáveis pela guerra treinaram seus soldados por meio de um manual que supostamente contêm tudo o que eles devem saber. Nas ilustrações, o manual destaca-se pela cor vermelha e há informações de como e porque o soldado deve liquidar seu inimigo. Ou seja, a guerra é executada por aqueles que não conhecem seus inimigos e obtém informações arbitrárias de um militar superior.
Os soldados refletem sobre a guerra. Sabem que ela “não serve para nada e que é preciso terminá-la.” Somente “os que comandam” sabem como acabar com aquele conflito, mas eles ficam distantes do front – onde a guerra acontece – e nem imaginam como é urgente o seu fim. Eles simplesmente ordenam; nunca terão de conviver com a dor de ter tirado uma vida.
No trecho em que o soldado decide acabar com o confronto, indo disfarçado ao buraco do inimigo para matá-lo e finalmente voltar para casa e rever sua família (não pelos ideais do seu país), ele encontra um leão. Mas esse leão na verdade era seu inimigo disfarçado.
Ao chegar no buraco do inimigo e ver que está vazio, o narrador percebe que eles têm os mesmos mantimentos e o mesmo manual que diz que o inimigo a ser combatido é perigoso e cruel: “Mas eu não sou assim, não sou um monstro.”
Enfim o soldado descobre que seu inimigo também quer somente acabar com a guerra e voltar para casa. Eles são iguais. Ambos querem paz e não concordam com a guerra. Então, por que lutam?
As fotos presentes nas ilustrações são reais, pois devem existir soldados iguais aqueles do livro, que são desenhos e fazem parte de um universo fictício. O leitor relaciona a história com a realidade, com o mundo. O livro proporciona reflexão fazendo com que o leitor possa modificar sua visão de mundo.
Nunca haverá justificativa para uma guerra, pois vidas inocentes sempre serão sacrificadas em prol de um ideal insano. Todas as guerras são cruéis e desumanas; líderes a levantam, empresas a financiam e quem morre são homens, mulheres e crianças inocentes. Como o autor diz no início do livro, a guerra que continua é só uma: a guerra do homem contra a fascinação pelo poder.
(Daiane da Silva)
Esse livro é maravilhoso!
ResponderExcluirParabéns...bons textos
ResponderExcluiradorei conhecer o blog
sucesso!!!
parei aqui por intermédio do Ítalo Puccini
Abraços
vixi, vou te mandar a conta pra efetuar depósito, com tantos leitores que levei a ti =)
ResponderExcluirHAHAHAHAHAHAH.
que bela resenha, daiane!
parabéns.
o livro deve ser, mesmo, lindo.
a sueli nos mostrou um outro no prolij, o menino e a bola. também com a guerra em questão. e com um menino e uma bola. coisa forte. coisa bonita. vasculha que tu acha sobre...
beijo!
Obrigada Maeles... seja bem-vinda ao blog.
ResponderExcluirE obrigada ao Italo... hehe... como assim... conta pra depósito?!?!?!? ¬¬ (bicho-palha) haha