
Nesse fim de semana, tive o prazer de adquirir e ler o livro "Cardume de nuvens", do poeta joinvilense Caco de Oliveira. Já escrevi sobre ele numa postagem recente do Palavras Mortas. Caco é uma das figuras mais representativas da cultura joinvilense e catarinense (falo isso sem querer reduzí-lo a esse limite). Sua obra reflete-o: uma obra muito sensível e original, como o seu autor. "Cardume de nuvens", um livro com uma bela edição da Letradágua segue o estilo dele, que é hábil em textos curtos, especialmente os haicais. O haicai é um tipo de poema originário do Oriente, são poemas compostos por poucos versos e que primam pela concisão. E Caco prima pela concisão e pela simplicidade: fala muito em poucos versos, como demonstra esse haicai que inspirou o nome do livro:
"No fundo da lagoa
um cardume.
Nuvens e peixes."
A inspiração do livro foi a cultura nipônica. O livro foi publicado em 2008, ano do centenário da imigração japonesa no Brasil. Boa parte dos poemas tem essa temática, embora Caco discorra sobre muitos outros assuntos. Como ele mesmo se assume, Caco é um poeta do cotidiano: um sentinela atento a todos os movimentos. Desde à loucura automatista da vida urbana, até aquele canto mais silencioso da cidade:
"dentro do grilo
acorda um violino"
Alguns poemas são verdadeiras fotografias: o poeta capta um instante e o eterniza:
"Borboleta molhada de orvalho secando no varal"
enquanto outros sugerem movimento num espaço de tempo:
"lagarta faminta, sobrou o esqueleto da folha"
ou ainda, uma ação sem espaço de tempo definido, pois ligada à memória:
"No cemitério de azulejos
pedacinhos de lembranças
das paredes da cozinha"
Enfim, falar da sutileza dos poemas "Cardume de nuvens" é redundante após ter reproduzido alguns de seus muitos poemas aqui. Para terminar, deixo mais um pouco desse livraço:
"Pôr-do-sol,
a sombra agarra-se a mim
com medo de ficar só"
PS: Caco é carioca, não nasceu em Joinva, mas aqui está radicado há muitos anos construindo sua obra, e portanto ela pode ser atrelado à literatura produzida em SC/Jlle.
precisamos trocar figurinhas, ou melhor, livros mesmo.
ResponderExcluireu te empresto aqueles sobre os quais escrevo no um-sentir, e tu me emprestando estas preciosidades com as quais tu tens contato e escreves :D
ficou muito bom este texto!
abraço.