quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

"A toalha vermelha", de Fernando Vilela




"A toalha vermelha" é uma bela narrativa visual de Fernando Vilela. Apenas com ilustrações, o autor nos leva a uma viagem pelo planeta Terra. Um pescador brasileiro deixa cair uma toalha vermelha ao mar. Esta vai afundando, afundando, passa por corais, arraias, tubarões, adentra a um canal, cruza com submarinos, mergulhadores, peixes, baleias´, até chegar ao outro lado do mundo. O mar da China com seus pescadores. Toda essa viagem é contada através das belas ilustrações de Vilela. Ao final, a toalha vai para num barco de pescadores chineses, servindo como bandeira. Um objeto que liga o pescador brasileiro, um homem, com o pescador chinês. Os homens estão ligados. Homens são todos iguais, espalhados por esse mundo. É o que me vem á cabeça quando leio tal narrativa.
Interessante reparar que esse livro nada tem de despretensioso. Ao final do livro, nos agradecimentos, Vilela diz : "agradeço ao amigo Nicolas Wahba, pelo apoio e pela ajuda na pesquisa; ao cinegrafista Lawrence Wahba e suas fantásticas e inspiradoras imagens submarinas; à querida tia Maria Dulce P. V. Tanimoto, pelos cálculos de latitude e longitude para acertarmos a trajetória da toalha sobre a Terra [...] Por tais palavras, podemos notar que há uma pesquisa por trás de uma simples história visual.
E essa história é lindíssima, como são as narrativas visuais feitas por artistas competentes como Vilela, Roger Mello, Juarez Machado, Ângela Lago entre outros. O que é curioso em "A toalha vermelha" é que trata-se de mais uma história circular, em que a primeira e a última ilustração são iguais: um ciclo. Esse esquema tem se repetido. Livros ótimos como "Cena de Rua" (Angela Lago) e "Ida e Volta" (do pioneiro Juarez Machado) também apresentam esse esquema. Mas isso não significa que não seja criativa. Muito pelo contrário. Cada história tem as suas particularidades e são muito diferentes.
Destaca-se também o bom projeto gráfico da editora Brinque-Book. Na capa tem-se o título da obra, "a toalha vermelha", e na contra-capa, o mesmo título, mas em chinês. Com isso, a edição brinca com o texto, fazendo a mesma viagem que a tolha vermelha. Esse detalhe que parece pequeno, tem ganhado cada vez mais força: nos livros infanto-juvenis, um bom projeto gráfico é fundamental, pois ele soma-se ao texto, enriquecendo a leitura.
Para adultos e crianças, esse "a toalha vermelha" é um livro altamente recomendável. Boa leitura e boa viagem.

2 comentários:

  1. Uhumm, interessante, e no mais esse público me fascina. Difícil trabalhar com ele. A questão do design é pertinente.

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  2. fato. trabalhar com o público infanto-juvenil exige uma grande sensibilidade. é para poucos.

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