domingo, 2 de maio de 2010

o trabalho de Eva Furnari




Hoje em dia, quando a variedade de obras é imensa, quando traços cortantes, multicoloridos, velozes e abstratos preenchem as páginas dos livros, as obras de Eva Furnari podem soar um pouco acanhadas, simplórias, talvez. Mas é preciso reconhecer o trabalho dessa autora e ilustradora, que é uma das mais representativas no Brasil, e o foi sobretudo na década de 80 (este livro da foto ganhou o prêmio de melhor livro sem texto da FNLIJ em 1982). São traços arredondados, ternos, muito simples é verdade. Daí o contraste com a rica produção de ilustrações que temos hoje, um tempo que a ilustração de uma página é considerada uma obra de arte, de tão ricamente elaborada. Mas Furnari consegue, com seus traços simples, brincar com o inesperado, fazer um humor, simples como as formas de seus personagens. Eva, autora de outros livros sem imagens como o "Traquinagens e estripulias" também aposta nos detalhes. Às vezes, num cantinho da página, o leitora encontra um detalhe novo, que dá graça à cena, ou às vezes até gera uma história, que corre em paralelo com a principal (vide o casal de pássaros no telhado da casa de "Traquinagens").
Além de ilustrar, Furnari também escreve muitos livros. Lembro-me de um, o "Suriléa-mãe-monstrinha", que contava a história de uma mãe que tinha 2 cabeças: precisava para conseguir cuidar da casa, dos filhos, e da sua rotina de trabalho. A confusão que é lidar com essas duas cabeças em torno de 2 crianças que a disputam é a forma que Furnari usou para abordar o problema da mãe que trabalha e ainda precisa cuidar da casa.
Simples e terna, a ilustração de Furnari. Mas sempre a serviço da boa literatura.

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