sábado, 5 de junho de 2010

Eu vi. E adorei!



Maravilhoso. Esse livro contém poemas em prosa, sem as rimas costumeiras. E ficou bom! Bom mesmo! Aqui José Paulo Paes assume a voz de uma criança, que diz o que ela acha de certas coisas (‘vejam como sei escrever’ significa ‘vejam minhas idéias, porque eu as tenho e elas são ótimas, viu!’). Fala de televisão, esporte, universo, água (“No deserto não tem água / Por isso o deserto é uma plantação que não deu certo /Quem mora no deserto é desertor”), zoológico e fala até da própria infância. Aliás, este da infância foi um dos poemas de que mais gostei. Muito bonito.
E o poeta assume com naturalidade essa voz de criança, de um jeito que só quem mantém viva a criança que foi no passado (e ainda é, oras) consegue fazer. Falando sobre televisão, o poeta-menino diz: “Não gosto de programas infantis com gente grande fingindo de criança.” E é aí que mora a diferença entre a boa e a má poesia infantil também. José Paulo Paes não se finge de criança; ele é. É preciso lembrar também que o livro é belissimamente ilustrado por Alex Cercany, que faz poesia com cores e traços.
Paes é doce, delicado, simples. Mas sem ser ingênuo, piegas ou simplista. Pelo contrário, ele vai contra isso com sua poesia que faz pensar. São imagens que desmontam lugares-comuns. Um exemplo é o início do poema “Zoológico”:
“Zoológico é uma penitenciária de bichos.” Logo de início, uma frase para quebrar a ideia de embelezamento do zoológico que, antes de tudo, é um lugar onde os bichos não têm sua liberdade.
“Vejam como sei escrever” é pura poesia. Uma aula de poesia para crianças (e para adultos inteligentes também – como sugere o título de outro de seus ótimos livros). José Paulo Paes é um poeta de mão cheia. Mão cheia de mil palavras de brincar.

2 comentários:

  1. ah, quero ler! :D
    Tenho um dele aqui em casa: "Um passarinho me contou". Muito bom também.

    Como anda a vida academica? Trabalhos demais né, rs.
    Beijo

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  2. o cara é bom por demais mesmo!

    os caras, na verdade. o paes, como poeta. e tu, como resenhista =D

    abração!

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